Junho é o mês da conscientização da infertilidade. Muitas mulheres sonham com a maternidade mas se deparam com alguma dificuldade para atingir a concepção. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) 10% das mulheres têm dificuldade em engravidar e com o aprimoramento das técnicas de reprodução assistida e facilidade que temos em diagnosticar mulheres inférteis, esse número vem crescendo cada vez mais. A infertilidade é definida como uma “doença do sistema reprodutivo” segundo a OMS e pela ASRM (American Society of Reproductive Medicine) é a “falta de gestação detectada clínica ou hormonalmente, após 1 ano de relações sexuais regulares sem contracepção.”
Aqui estão alguns fatores que alteram a fertilidade:
- Alterações seminais identificadas através do espermograma
– Patologias nas trompas, local onde o espermatozoide fertiliza o óvulo. Assim, sua obstrução ou comprometimento parcial, impossibilitaria a gestação
– Dificuldade de ovulação, como no caso das pacientes com síndrome dos ovários policísticos
– Comprometimento da cavidade uterina, como por exemplo o útero unicorno, bicorno e septado que são anomalias uterinas congênitas cuja prevalência é de 8% segundo ESHRE (Female genital tract anomalies classification system – 2016)
-Alterações endócrinas tireoidopatias, resistência insulínica e aumento da prolactina podem causar uma resposta diminuída aos tratamentos de fertilidade
-Alterações genéticas identificadas no exame de cariótipo do casal. O tratamento de FIV com diagnóstico genético dos embriões identifica embriões com aneuploidia ou rearranjos estruturais evitando sua transferência para o útero materno
– Doenças sexualmente transmissíveis como infecção por clamídia podem gerar uma doença inflamatória pélvica criando aderências nas trompas e posterior obstrução com comprometimento da fertilidade feminina.
– Fatores ambientais
O ambiente em que vivemos pode influenciar a fertilidade no que se refere à poluição do ar e condições adversas de trabalho. O contato diário com solventes, tintas, pesticidas, produtos químicos voláteis assim como a exposição a temperaturas mais elevadas, podem prejudicar a fertilidade, em função de um efeito negativo direto nos óvulos e espermatozóides, comprometendo sua qualidade.
– Estilo de vida
Alimentação, fumo e o uso de drogas e álcool interferem na capacidade reprodutiva.
Muitos componentes tóxicos presentes no cigarro, como a nicotina, foram apontados em diversos estudos como responsáveis por falência ovariana precoce, danos as trompas e alterações cromossômicas levando a abortos espontâneos. Nos homens pode ocorrer a diminuição da produção de espermatozoides.
– Peso
Um em cada cinco (18,9%) brasileiros são obesos de acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças (Ministério da Saúde, 2017).
Na mulher acima do peso o metabolismo dos hormônios se encontra alterado, e há uma tendênciaa resistência insulínica, que altera a esteroidogênese ovariana, aumentando os hormônios androgênios e o quadro de anovulação
-Endometriose
Esta patologia tem características autoimunes associadas, como marcadores inflamatórios elevados.
As causas podem ser variadas e ainda associadas umas às outras. Assim, a conscientização desta condição pode fazer com que o diagnóstico e a procura por tratamento ocorram mais cedo, levando a uma maior chance de gravidez.
