A avaliação da qualidade do sêmen é um parâmetro importante na investigação do casal que está tentando engravidar. O tempo entre a última relação sexual e a coleta do espermograma pode influenciar parâmetros seminais como volume, motilidade e concentração. Períodos muito longos ou curtos podem levar a resultados anormais. Como padrão, a Organização Mundial da Saúde (WHO Laboratory for the examination and processing of human semen, 2010) recomenda 2 a 7 dias sem relações sexuais antes da análise seminal na avaliação de casos de infertilidade. Por outro lado, a Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE Special interest group for andrology, 2011) estabelece 3 a 4 dias como o período de abstinência sexual antes da coleta da amostra de sêmen.
Muitos estudos têm sido realizados sobre o tempo de abstinência ideal, taxa de fragmentação de DNA espermático e resultados de tratamentos de FIV (Fertilização In Vitro). Acredita-se que longos períodos de abstinência (superiores a 7 dias) estejam relacionados a baixas taxas de gestação. A exposição prolongada a substâncias produzidas por espermatozoides e leucócitos mortos (ROS, reactive oxygen species) pode ser uma das causas que explicam o declínio na qualidade do sêmen e aumento do número de espermatozoides com DNA fragmentado durante longos períodos de abstinência. Assim, casos de FIV com óvulos fertilizados por espermatozoides “danificados” apresentam menores taxas de fertilização, implantação, gestação e bebês nascidos vivos.
O período de abstinência tem uma participação importante nos tratamentos de reprodução. Assim, a recomendação de um período de abstinência inferior a 7 dias deve ser seguida para que sejam obtidos os melhores resultados.
Fonte: Fert Ster, 108(6):988-992, 2017