Aproximadamente 1 em cada 6 casais não conseguem engravidar no período de 1 ano. Apesar do fator masculino de infertilidade ser identificado em 50% dos casais que procuram ajuda médica, a investigação conjugal se inicia pela mulher.
No entanto, estudos têm mostrado uma queda na concentração dos espermatozoides ao longo das últimas 8 décadas. Alguns pesquisadores apontam uma redução de até 60%.
Os fatores causais deste declínio precisam ser identificados. A qualidade da dieta e a obesidade desempenham um importante papel na qualidade seminal e fertilidade.
Pesquisadores americanos têm estudado alimentos que afetam a qualidade seminal durante a maturação espermática e as alterações na espermatogênese que influenciam o padrão dos hormônios reprodutivos.
Sabe-se que a espermogênese que ocorre nos testículos depende de um suprimento adequado de nutrientes obtidos da dieta.
O consumo de gorduras (ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa, PUFA) e seus derivados tem sido relacionado a melhora na qualidade do sêmen. Dietas ricas em ômega 3 por exemplo foram relacionadas a uma maior concentração de espermatozoides morfologicamente normais. Acredita-se que casais “tentantes” que seguem uma dieta baseada em peixes engravidam em menor tempo e tem menor risco de infertilidade.
Por outro lado, ácidos graxos saturados parecem ter um fator negativo na espermatogênese levando a uma baixa qualidade espermática, especialmente no quesito concentração.
Sabe-se que são os antioxidantes presentes no plasma seminal que conferem proteção aos espermatozoides. Estudos mostram que a suplementação com antioxidantes na dieta de casais em tratamento para engravidar pode aumentar a probabilidade de gravidez. Este fato se deve a neutralização de agentes nocivos (ROS) por antioxidantes como a vitamina C, que é considerada o principal antioxidante do plasma seminal. A vitamina E neutraliza diretamente ROS nas membranas dos espermatozoides.
Folatos e outros nutrientes podem também desempenhar um papel importante na espermatogênese participando no metabolismo do carbono que ocorre nos testículos. A ingestão de ácido fólico afeta a produção de espermatozoides e está relacionada a uma menor frequência de erros genéticos (aneuploidias). Estudos mostraram que o uso de 15mg/dia durante 90 dias levou a um aumento de 53% na concentração de espermatozoides e duplicou a proporção de espermatozoides móveis.
Enquanto que associação zinco + folato foi relacionada a um aumento de 74% na contagem espermática total. Outros estudos acharam uma correlação entre folato+vitamina B12 e
concentração espermática.
Alguns alimentos estão sendo relacionados a menor probabilidade de gravidez como produtos lácteos, peixe contaminado por mercúrio, carnes contendo hormônios, frutas e legumes cultivados com pesticidas (como morango, espinafre e maçãs).
Apesar da importância da dieta na produção dos espermatozoides não existem ainda orientações alimentares específicas para casais que tentam engravidar. Entretanto evidências apontam para o consumo de frutos do mar, grãos integrais, frango, nozes, frutas e vegetais e ainda o uso de suplementos antioxidantes para os homens em tratamento para infertilidade.
Fonte: Fert Ster,110(4): 570-575, 2018